quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Saudade é o amor que fica"

“Saudade é o amor que fica”.

            Definir saudade é muito difícil, principalmente se ela vem de alguém que se foi para não mais voltar, mas que vive em nossas lembranças e faz parte da nossa história, indispensável para nossa formação, para nossa existência.
            Sem minha mãe, sinto-me como a última haste de uma raiz que foi arrancada do solo e que fica flutuando no espaço ou como um barco a deriva durante um mar revolto. Sei também que sou parte da raiz de outra árvore e que tenho frutos que precisam ser regados para que a espécie não se perca. Essa sensação de perder as raízes que me prende a minha condição humana, já era sentida desde a ausência de meu pai, seu João, em agosto de 2012 e aumentou de maneira ímpar com a partida de minha mãe. Somente o amor da família, a dedicação do marido, o consolo dos amigos, a vontade de querer controlar a dor dos filhos pela perda da avó, as palavras carinhosas deles e dos sobrinhos a respeito dela, foram capazes de me segurar no solo, ou como barco naufragado, conseguir remar de volta a terra, contando, principalmente, com a ajuda de todos, até porque todos estão no mesmo mar. Mas, dentro do coração, ainda há silêncio e dor.
            Na incapacidade de definir esse sentimento, o que mais me agradou foi “Saudade é o amor que fica” (*). Portanto, essa definição não é minha, mas traduz a minha saudade. Ela não é uma sensação de vazio, ao contrário, é de muito amor. Portanto, é imensurável, Plural e Eterna. É o Amor que ficou pela partida de ambos.
            Retrocedendo em minha memória, encontrei uma imagem que me parecia perdida no tempo. Minha mãe, chorando, retirando roupas do varal, quando soube que seu pai, meu avô, tinha falecido.  E eu, pequena, não sabendo o que fazer e como consolar; só me restava chorar junto.
            A vida realmente é uma sucessão de imagens repetitivas em outros contextos. São “flashes” de situações rotineiras que se repetem ao longo do tempo. Nas lembranças buscadas na memória, nestes primeiros dias onde a única coisa que exercito é o pensamento, vejo minha mãe, Dona Lídia como era chamada, sempre às voltas com sacolas repletas de roupas ou caixas de alimento. Era a sua maneira de ajudar parentes ou alguma instituição. De certa forma, retribuir o que recebeu durante o início da vida de casada, quando o dinheiro era curto e as necessidades enormes.
            Sua generosidade não tinha limites. Ela foi generosa até com sua partida, “aos poucos” foi nos dizendo adeus para que nos acostumássemos e aceitássemos sua ausência.
            A sua vida se resumiu em três pilares que acreditava necessária à vida em família: Amor materno, Amor ao esposo e Amor a Deus. Não se descuidou de nenhum deles na condução de sua história.
            Hoje, ainda choramos sua partida. Mas, lá do alto, junto ao seu companheiro, deve estar feliz e olhando pelos seus filhos. O céu está em festa com sua chegada. Ficamos órfãos, mas repletos de saudade e exemplos de amor.
            Costumo falar que ela é minha “mãe guerreira” que venceu obstáculos, superou dificuldades e transmitiu o que acreditava através dos exemplos. Foi assim que tentei retratá-la, quando ainda morava em Guarujá, em uma poesia para o Dia das Mães.  Ivan, poeta e músico que participava dos saraus (*) a musicou. Infelizmente não temos registro.  Agora, com as devidas adaptações, volto a colocá-la no blog. É a minha maneira de homenageá-la.
            Adeus “Mãe Guerreira”. Fique com Deus. Se “saudade é o amor que fica” cheia de amor me despeço. Sua filha.
Leone A.Vieira

(*) definição de saudade pelo Dr.Rogério Brandão- médico oncologista.

(*) saraus que aconteciam mensalmente no Cartório Civil do Guarujá, comandados pelo Prof. Maurílio.               

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A todas as mães



A todas as Mães
Neste dia especial:

Que o sucesso seja mais que prêmio, seja conquista;
Que a vida seja mais que caminho, seja luta;
Que a noite seja mais do que sono, seja descanso;
Que o sol seja mais do que brilho, seja luz.
Que o companheiro seja mais que amante, seja amigo;
Que o pai seja mais que herói, seja exemplo;
Que o filho seja mais que consequência, seja prioridade;
Que a família seja mais que reunião, seja união;
Que a Mãe seja mais que presença, seja Amor!

Que o Dia das Mães seja mais que “Um Dia Feliz”, seja Eterna Alegria.

Leone A. Vieira

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mulher Guerreira


Mulher guerreira
(homenagem a minha mãe guerreira)

Vida Santa de guerreira,
Vida guerreira de Santa,
Dez filhos, dez lutas, dez vidas,
E venceu a sua lida,
Com sorriso de vitória,
Escreveu a sua história,
Nas páginas do meu coração,
E de todos os nove irmãos.

Foram tantos os prantos,
As lágrimas de desencantos,
Sem nunca perder a fé.
Mulher guerreira, altaneira,
Nunca se esmoreceu,
A eles deu o que tinha,
Mostrou-lhes o amor de Deus.

E os desafios da vida,
Venceu sem olhar pra trás,
Nunca se sentiu sozinha,
Tinha os filhos pra zelar.
E mais o que precisava,
Era o marido que amava,
Com os filhos, ficava em casa
Esperando-o chegar.

E foi tudo o que conquistou,
Não lhe restou outro bem.
Mas tinha a felicidade,
Hoje é eterna saudade,
 Para os filhos que Deus lhe deu.

Por isso é a minha Mãe guerreira
Que no Céu foi descansar.
As marcas do tempo no rosto
Não mostra um rosto infeliz,
Pois teve tudo que amava.

Tudo que na vida quis.




Dia das Mães


DIA DAS MÃES!

Essa data nos remete, imediatamente, a nossa mãe. Esse Dia das mães, com certeza, nunca será esquecido pelos meus irmãos e por mim. Vendo minha mãe inerte, sem forças, dependente de nosso apoio e carinho, me faz pensar que talvez a nossa disponibilidade seja o seu melhor presente: a nossa presença ao seu lado.
Este dia especial é dedicado a todas as mães, independentemente da idade, classe social ou financeira, que vencem barreiras, às vezes se abdicando da própria vida, sempre na busca da felicidade da família. Cada uma é uma figura ímpar e nem sempre é elogiada e tem o destaque que lhe é devido no seio de suas famílias, mas como é bom sentir o carinho do filho neste dia tão especial.
Mas, esta data me fez refletir que o papel de mãe nos dias atuais está cada dia ficando mais complicado ou sendo relegado apenas para uma oportunidade de ser presenteada e abraçada. Certas situações que presencio, atualmente, me fazem acreditar que o papel de mãe e também o de pai está sendo engolido por uma sociedade ávida de modernidade, onde a mídia e os amigos ocupam lugar de destaque.
Estamos vivendo uma mudança muito rápida dentro da sociedade com quebra de valores éticos, mudanças de paradigmas familiares e outras modernidades que nem sempre condizem com o nosso jeito de pensar; sinto que o papel de mãe assume um patamar muito difícil e questionável. Estamos, realmente, cumprindo a nossa parte como mãe dentro da estrutura familiar que acreditamos?
         Mãe, com certeza, não é somente desejar dar a luz, parir o filho ou, no gesto sublime da adoção, o escolher. Com o nascimento de um filho, nasce também uma nova mulher que terá a sua parcela de responsabilidade, desde a gestação do filho até a idade adulta, atendendo em sua dependência física, psíquica e intelectual. A outra parcela caberá ao pai.
         Ser mãe é acompanhar seus passos, ouvir suas angústias e ajudá-lo na tarefa de se colocar no mundo, mostrando-lhe o caminho que julga necessário ao seu desenvolvimento como cidadão e quais os valores religiosos, éticos e morais que ela considera indispensável para sua felicidade. Mais tarde, já adulto, caberá a ele as escolhas e opções que julgar adequadas. Será que realmente executei ou executo bem esse papel?
         Nossos filhos serão os homens que comandarão os destinos da humanidade em quaisquer planos de ação, desde os trabalhos mais simples aos mais complexos. Que futuro nós lhes desejamos? Quais valores éticos e morais nós queremos transmitir? Que mundo a nova sociedade irá herdar?
         São perguntas que na maioria das vezes não questionamos, mas são de extrema importância nesse mundo que parece desgastado por nossa própria imobilidade diante de questões cruciais, sejam elas, políticas, éticas, morais ou religiosas.
É aí que aparece a figura paterna que representa o equilíbrio e vértice principal no desenho da família moderna. Sem o pai que direcione e oriente, esse caminho será, com certeza, mais difícil e menos humano. Se o pai é a base, o alicerce e o espelho do filho, a mãe é a fortaleza, a ternura e o mais humano da relação. É preciso que os dois comunguem dos mesmos ideais, valores e ética para que nossa tarefa não se torne ainda mais complicada.
Quando constituímos uma família, não estamos escolhendo somente um amor, um companheiro ou parceiro, estamos escolhendo alguém que junto conosco administre, gerencie e distribua as obrigações familiares. Muitas vezes, os pais se tornam pai e mãe por contingências da própria vida.
         Quando desejamos ter filhos e optamos por uma determinada forma familiar, seja ela oficial ou não, estamos também escolhendo a pessoa que junto conosco será imprescindível na transmissão de nossos valores, sejam eles morais, intelectuais ou éticos. É aí o nosso maior desafio. A responsabilidade na escolha dessa parceria. Por isso essa escolha não é fácil e não pode ser guiada apenas por sentimentos, embora esteja em seu coração e pertença somente a você esta incumbência. É preciso ouvi-lo sem pressa para que o resultado seja o caminho para a felicidade.
Que Deus ilumine sempre o nosso coração e nos torne cada dia mais sábias nesta difícil tarefa que nos privilegiou, nos dando força e sabedoria na direção a seguir. Que Ele nos ajude e que façamos o nosso melhor.
Feliz dia das Mães!