domingo, 28 de outubro de 2012

Violência Urbana



                                                      Violência Urbana

Fernando, 23 anos. Codinome: Nando. Quando criança viveu em um orfanato, a mãe alcoólatra e acusada de pequenos roubos perdera a guarda do filho. No orfanato, viveu até os dez anos, quando foi novamente entregue à mãe que já havia cumprido pena.
Maria, a mãe, vivia do trabalho como doméstica e do dinheiro que o filho ganhava fazendo pequenos bicos. Mas, logo, tudo mudou. Sentindo-se sozinha, ela se uniu a Teodoro, um sujeito agressivo e possessivo. Nando ficou revoltado com essa união e descontava seu inconformismo aprontando na escola e em sua casa. O casamento com Teodoro, além da revolta de Nando, trouxe a Maria mais sofrimento. Freqüentemente, o companheiro lhe batia e ameaçava o enteado. Um dia, de tanto apanhar, Maria veio a falecer e Nando viu seu último elo familiar desmoronar. Saiu do morro disposto a matar o padrasto, mas Teodoro se evaporou e nunca mais foi visto.
Nando começou a viver nas ruas, tornou-se “aviãozinho” do tráfico. Durante uma “blitz” foi preso por policiais. Pegou dois anos de FEBEM; vida difícil e sofrida. Participou de rebeliões, foi recapturado e passou por todo o tipo de provações.  Estava marcado pela dor e rebeldia!
Aos dezoito anos, Nando ganha a liberdade. Cai uma chuva fina e ele sente frio. Frio na alma! A rua, novamente, será seu lar. Senta-se embaixo de uma ponte. A fome é aliviada com um sanduíche a beira da calçada, comprado com os últimos tostões que ainda lhe restavam. Seus pensamentos não lhe dão trégua.  
De repente, o barulho de um menor correndo seguido por passos fortes de pessoas que vêm ao seu encalço. O menino vai até uma lixeira, joga nela alguma coisa e foge em disparada, sem prestar atenção em Nando que se escondeu atrás de um muro bem perto da lixeira.
A curiosidade leva Nando até a lixeira. Vê uma carteira, pega e a coloca com rapidez no bolso. Sorri, é um prêmio por tudo que passou. Não vai devolver a carteira. O dinheiro é seu, ele o achou!
Olha para o lado e vê que não está sozinho. Alguém grita do outro lado da rua.
- Hei você! Pega ladrão!
Os gritos são seguidos pela sirene de um carro de polícia. Nando foge desesperado, pulando muros e desvencilhando-se em vielas escuras. O som da sirene se intensifica. Nando sente medo, se for descoberto, vai voltar para a prisão. Avista uma casa e arromba a porta com truculência. Na sala, uma jovem mulher, assustada, dá um grito ao vê-lo no centro da sala:
-Boca calada, dona! Não quero matá ninguém, mais você tem que colaborar.
-O que você quer? Leve o que quiser.
-Não quero nada da madame. Só quero meu dinheiro. Eu não vô a.ssaltar a senhora! 
-O que você quer? Não me mate!
- Fique quietinha, não quero se aborrecer. Eu não robei nada. Acabei de achá uma carteira. Achei no lixo. Achado não é robado. Ela é minha.
As sirenes ficam mais altas. A rua está silenciosa, mas o barulho de passos aumenta. A casa é cercada por policiais. Nando se desespera. Sua mão dentro do bolso do blusão insinua uma arma. Jurema se amedronta:
-Por favor, se entrega. Eu ajudo você!
Nando não responde. Os minutos passam... Passos, abafados, são ouvidos na sala silenciosa. Nando pressente os policiais subindo as escadas.
Jurema percebe que a arma é um blefe e espera uma oportunidade. Quando ela surge, a mulher se arrisca e corre até a porta, abrindo-a e escondendo-se atrás dela.
Os policiais entram atirando na direção de Nando. Ele cai.
- Ai! Me acertaram! Desgraçados!
Jurema se desespera, quer ajudá-lo:
- Me desculpa, moço! Eu não sabia que eles iam entrar atirando. A culpa foi minha!
-Meu destino tava traçado, moça. Não se culpe não. Eu sou o culpado!
Jurema se aproxima e coloca a cabeça de Nando em seus ombros; ele parece sorrir.  Jurema pede aos policiais que não se aproximem. As mãos saem do bolso do blusão retalhado pelas balas. Não há revólver. Nando observa o vazio:
- Moça, olha lá no alto! É a minha mãe! Ela veio me buscar.
Não há mais nada a fazer. A carteira é levada por eles. Mais um caso resolvido!
Nando é mais um engolido pela “selva de pedra” que, novamente, uniu vidas espalhando morte.
Os sinos da capela anunciam mais um sepultamento. Somente uma pessoa acompanha o carro fúnebre. É Jurema. 

Macambuzeando


REFLEXÕES DO GRILO

            Hoje acordei meio “macambúzio”, pensativo por demais. Isto tudo depois de ouvir uma conversa entre duas pessoas aqui na biblioteca. Cheguei à conclusão que nada sei do mundo dos humanos, mas grilo também pensa na vida e como herdei uma paixão “mal correspondida” pelas pessoas, especialmente pelos brasileiros, o diálogo que ouvi me marcou profundamente. Posso não ser humano, mas consigo ver e sentir a alma deles por causa da minha convivência, nem sempre pacífica com eles, tento compreender e entender sua forma de viver vida.  Fico na minha, prestando bastante atenção e depois dou os meus “pitacos”. Eis o diálogo que me fez perder o sono:
            Duas jovens senhoras estavam conversando a respeito da vida. Um que chamarei de Maria e outra de Mercedes, amigas há muito tempo. Falavam sobre as questões humanitárias que tomavam seus pensamentos. Ambos já estavam aposentadas e tinham um pouco mais de 50 anos.
            Maria dizia:
            - É muito gozada essa vida. Quando somos jovens, queremos ficar adultos logo para realizar todos os nossos sonhos. Sair daquela fase de contestação e partir para a luta, realizar sonhos, ideais, ter liberdade. No meu tempo de estudante, minha vida era protestar. Saiamos em defesa dos menores abandonados, dos baixos salários... Criticávamos os falsos policiais, as milícias, etc. A nossa lei de ordem era que se pagávamos impostos tínhamos o direito de exigir e escolher nossos representantes.
            Mercedes concordava:
            - O tempo foi passando e continuamos votando e criticando os mesmos governos. Numa visão mais macro tomamos partido em eleições e na vida até de outros países como a eleição nos Estados Unidos, na Argentina, na Venezuela, casamentos na Inglaterra e assim vai... A globalização serviu para que todos virassem comentaristas críticos deste mundo globalizado. Até aí, tudo bem. Mas a crítica por si só adianta alguma coisa? Estávamos realmente realizando algo? Com certeza, eu não estava. Se você é jornalista, político ou alguém que possa influir diretamente no assunto pode ser que sim, mas, a maioria só fica na palavra, não na ação... Acabam tendo outras prioridades: namoradas, lazeres, empregos... E o bem comum é deixado de lado!
            Maria continuava:
            -Depois nos casamos e passamos a cuidar dos filhos que são realmente as pessoas mais importantes de nossas vidas. Isso quando não precisamos trabalhar para ajudar no orçamento doméstico e delegamos às empregadas a difícil tarefa de educar nossos filhos. Não era falta de amor, era necessidade. Era o desejo de nos afirmarmos como pessoas, como profissionais e procurar nosso espaço. O nosso tempo livre era dedicado a eles, mas foi suficiente? Se não tínhamos tempo para os filhos, era justo que deixássemos de lado os demais problemas que nos afligiam: as questões humanitárias.
            Mercedes continuou o diálogo:
            - E quando nos aposentamos, com tempo para pensar no que fizemos realmente pelos nossos semelhantes, constatamos que não fizemos nada.  Uma ou outra ajuda aqui ou ali, jantares beneficentes e vamos levando a vida sem olhar dos lados... Aliás, isso não é nada diante das necessidades de muitos. E muitas vezes estávamos ocupadas com viagens, com nossos filhos, netos... Às vezes até tentamos ajudar um ou outro grupo, mas sempre com a sensação que estamos perdendo tempo... - completou Mercedes.
            As jovens senhoras se distanciaram e eu fiquei pensando: Que triste chegar a esta idade sem ter algo de concreto que avalie o real motivo da vida. Se esta vida é de passagem, o que se leva de saldo positivo para outra vida? Será que cuidar de sua vida, ser caridoso, religioso, é suficiente? Será que muitos não estão perdendo tempo?
            Acho bom achar a resposta logo, porque o nosso tempo aqui é curto. Logo será a prova final, o vestibular! E depois, não há mais chances.
            Desculpe, hoje eu, o grilo pensante, extrapolei... Vou saindo de fininho, antes que seja tarde para mim também. Fui...

Liberdade na Infância


LIBERDADE NA INFÂNCIA

Nos meus tempos de criança...
Fogos de artifícios eram estrelas cadentes
Jogadas pelos anjos celestes para iluminar a terra.
E eu assistia alucinada com os olhos fixos no céu
A grandeza do espetáculo divino.

Nos meus tempos de criança...
Pensava que Deus, além de pai, era pintor.
E que todo dia pintava o sol, tingia o céu de dourado,
E envaidecido acordava seus filhos para o espetáculo.
E ao entardecer, novamente pintava sua tela,
Com o sol se pondo no horizonte.
À noite, com cores prateadas, pintava as estrelas,
Até que a terra adormecesse
Embalada com o piscar dos astros.

Esse mesmo Deus, quando zangado,
Era capaz de gritar, vociferar e soltar raios,
Ou chorar torrencialmente,
Inundando a terra e trazendo desolação.
E eu, criança, cobria a cabeça nas tempestades
E rezava baixinho, pedindo a Ele que me perdoasse.
O sol aparecia e eu entendia que fui ouvida em minhas preces.

Eu cresci e minha infância ficou pra trás.
Deixei de olhar o céu, não tenho mais tempo...
Mas quanta falta o tempo de criança me faz!
Liberdade que não volta mais.



Nossa escolha


NOSSA ESCOLHA
Acordo e procuro alguém ao meu lado,
Vejo-me cantando e pensando neste amado ser.
Que de repente me faz tanta falta,
Aquece-me a alma, traz vida ao meu viver.
Mostra-me um mundo colorido que não conseguia ver.

Faz-me pensar que aqui reside a felicidade.
Esta comunhão de corpos e almas é o casamento perfeito:
A perda do individualismo na busca da individualidade,
A luta de um só objetivo, na trilha de um só caminho.
E o sonho “sonhado” junto, não mais o sonhar sozinho.

Eu que vivia tão segura, sentindo-me a maioral,
Percebo que o encontro dos corações me fará imortal.
Porque viverei além de mim, viverei COM você e PRA você
Num compartilhar de anseios e incertezas.
Você será o meu porto seguro, a minha fortaleza.

E nesse respeito mútuo,
Onde o “único” é “plural” e o “eu” se torna “nós”
Encontraremos equilíbrio e necessário entrosamento,
Para que um não anule o parceiro.
Aquele que escolheu como companheiro.

Este é o verdadeiro casamento:
A melhor escolha, o maior romance.
A junção do coração e razão, amor e amizade,
Em busca de um sonho maior, a eterna felicidade.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Tempos modernos


Tempos modernos

            Há tempos venho questionando a respeito da nossa mudança de comportamento e de opinião diante do escuso, do ilícito, do imoral. O que hoje nos causa indignação e condenação, amanhã poderá ser considerado normal. A intolerância é relativa no tempo e espaço. Isto não é nenhum estudo ou constatação minha; vários artigos de jornalistas renomados, escritos em revistas famosas ou livros tratam deste fenômeno. É o sinal dos tempos!
            Para exemplificar melhor, podemos afirmar que muitos homens de bens, considerados probos e incapazes de condutas duvidosas, frente à violência e a falta de ética se mostram tolerantes e, às vezes, permissivos. Este fato é visível se computarmos os diferentes pontos de vista gerados diante de um ato violento.
            Em nome da extirpação do mal e preservação dos direitos sociais, crimes são cometidos diariamente pelos que detêm o poder nas mãos, seja ele paralelo ou legal. Quem ainda não se deparou com atrocidades mostradas nos jornais, cometidas em nome da ordem e dos bons costumes por milícias? Ou ainda, quantas vezes nos alegramos com desfechos violentos por falta de alternativas diante de um fato, por exemplo, a solidariedade com o extermínio de quem representa perigo pessoal ou familiar. Até mesmo a violência doméstica, já se tornou comum e rotineira diminuindo nosso poder de indignação. Muitas vezes, testemunhamos que existe, mas não nos envolvemos. Como Pilatos, lavamos as mãos.
            Essas atitudes já são aceitas como corretas no convívio social, algumas têm respaldo na nossa vivência do dia a dia: a violência deixa homens de bem, presos em suas casas com grades nas janelas e portas, perplexos diante do perigo que mata entes queridos. Todos sabem que mesmo dentro da própria casa o sujeito não está seguro, pois pode ser atingido até por bala perdida, como acontece nos grandes centros urbanos, diante de um conflito. Essa fobia generalizada faz com que um só sentimento encontre eco: arrancar o mal pela raiz. Outras atitudes vêm de paradigmas arcaicos herdados de nossos antepassados, como diz o provérbio “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. E por aí vai, em nome da “família” muitos crimes são cometidos e não denunciados.
            A violência se constitucionalizou em suas diversas formas: violência nos estádios de futebol entre os torcedores, violência policial contra as torcidas, violência do mais forte contra o mais fraco, seqüestros, violência entre casais, pais e filhos, violência contra idosos, contra raça, opção sexual, religiosa. Em qualquer lugar ela está presente: nas escolas, ruas, becos, favelas, etc.
            É comum acompanharmos pelos jornais e revistas casos onde a violência predominou de ambos os lados: do agressor e do agredido. Por exemplo, o invasor de terras produtivas fere o direito de propriedade, atacando, usufruindo e, muitas vezes, destruindo o que não lhe pertence; por outro lado, o fazendeiro tentando proteger seu patrimônio, desdenha a lei e a ordem e responde “à bala”.      
           Mas, até quando o imoral é ilícito e vice-versa? Tudo depende da formação de cada pessoa, suas convicções religiosas e morais e sua vivência ou sobrevivência nos tempos atuais.
            O que realmente é novo e impressiona, é a falta de indignação e reflexão da sociedade e dos poderes constituídos diante da vida e da violência. Houve a banalização da vida, ela perdeu o sentido e a violência não choca mais. A morte violenta deixou de ter impacto negativo entre as pessoas. Os sentimentos gerados de perplexidade diante de um episódio duram o tempo exato do noticiário da TV ou de uma reportagem. Poucos refletem sobre o acontecido e quando há diálogos, os mesmos são antagônicos diante do fato. O que antes possuía uma só vertente, uma só resposta, agora é, por vezes, fator de discórdia. Enquanto o fato estiver sendo noticiado pela mídia, nós nos emocionamos e nos escandalizamos, mas não passamos disso. A nossa memória só é reativada diante de um fato novo. 
            Se de um lado como cidadãos nos indignamos com o não cumprimento ou a ausência de leis que nos protejam e conservem um marginal na cadeia, por outro lado percebemos essa pseudo-segregação: as facções criminosas matam e destroem de dentro das penitenciárias. Bandidos matam, corrompem e têm mordomias de homem livre. 
A impunidade aumenta e a sociedade corre perigo. As leis existentes são brandas e não resolvem o problema. O cidadão perdeu a sua dignidade, o direito de ir e vir, o direito de ser livre; tornou-se refém de seu semelhante e, incontestavelmente, vê poucas alternativas para manter sua integridade física. Em nome desta integridade, não vê alternativas que não seja a reação pela violência. A vida do outro é deixada de lado, só se pensa em sua sobrevivência.
           O que mais choca é que se trata de um fenômeno mundial. Não é privilégio do primeiro, segundo ou terceiro mundo. Todos nós fomos contaminados com a falta de indignação diante da degradação humana. Mesmo quando nos indignamos diante das injustiças sociais e a má distribuição de renda frente à miséria, o trabalho escravo, a promiscuidade e outras formas de comportamentos hediondos que nos desumanizam e corroem, somos passivos ante as segregações sociais que ferem a dignidade humana incutindo em nossos irmãos a baixa auto-estima, o despreparo para o trabalho, pela luta diária, fazendo-os submissos e subservientes do poder mais alto. Tudo isso é notório. Nada é novo.
            O que se constata é que a vida perdeu o valor e as leis perderam o significado. As guerras civis no mundo são os principais exemplos de violência e incapacidade humana através dos diálogos. O caminho de volta talvez não exista mais, mas sempre há uma esperança. Para mudar o rumo da história há a democracia, o voto do povo.  O direito de escolher representantes do Parlamento e Senado que se preocupem com as necessidades do povo. Isto é essencial. São deles que partem as Leis. Eles têm o poder nas mãos em qualquer país democrático.
          Mas, o aí o cidadão brasileiro se depara com mais uma constatação, frente aos últimos acontecimentos políticos no Brasil: a mudança de valores éticos, a violência interna contra os bons princípios. Não da reação a escândalos que, de tantos, não parecem mais ferir a suscetibilidade de ninguém por existirem, eles existem e dificilmente sairão do meio político onde a ajuda mútua provoca a impunidade e tudo é esquecido, mas da falta de respostas dos eleitores diante daqueles que cometeram os crimes. Diante da “roubalheira” generalizada de nossos representantes.
              Parece que a nossa capacidade de indignação foi “pro brejo”. O certo virou errado e vice-versa. Perdeu-se a capacidade de discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado. Aprendeu-se a conviver com o ilícito, com o corrupto. É claro que muitas pessoas exacerbam e clamam por um julgamento justo, mas muitos perderam a capacidade de se revoltar ou de sonhar. Essa resposta de esperança é o resultado das urnas.
.          É salutar ressaltar que esse procedimento de conviver com o errado não é generalizado e ainda há esperanças de mudar o caminho da história. Os jovens estão aí para corrigir e colocar o Brasil de volta aos trilhos. O fato é que muitos cidadãos se tornaram complacentes e, por vezes, solidários, diante da situação política vexatória com que se deparou nos últimos dias. Tudo se tornou normal, é a típica aceitação do “rouba mais faz”, ou “faz parte do jogo político”. Muitos perdoaram e se confraternizaram com o ilícito. É só verificarmos o resultado das urnas nas últimas eleições.
        O direito de decisão sobre os caminhos do País é soberano, legítimo e faz parte da democracia. Presenciar e participar da Democracia, do poder do voto é um direito, mas muitas vezes é exercido de maneira errônea. Graças a Deus, a Lei da Ficha Limpa, minimizou o caos e muitos políticos com passado sujo não puderam ser reeleitos. Mesmo assim, é notório o fato de que perdemos a capacidade de indignação diante do pecado, do imoral. Não somente demos a outra face, mas o aval para eternizar o erro. Isso continua sendo atestado nas urnas. Fato lamentável!
                                    Ironicamente, a votação do aumento do salário mínimo ou um novo projeto social, mais que necessário frente à desigualdade de distribuição de renda do País, aplacarão os sentimentos dos mais reticentes. Se o sujeito votou a nosso favor, é porque é bom.
                                    A capacidade de aceitação da corrupção como norma de conduta política  não é nova. Ao legitimar alguns representantes que aí estão, demos a permissão para continuidade de atitudes indecorosas.
               Perde o Brasil na educação de seus filhos. Perdemos todos nós.

Leone Araújo Vieira

Homenagem ao professor


Homenagem ao professor

            Aqui estou novamente querendo optar no que não fui chamado, mas como todos sabem morar em biblioteca tem suas vantagens e posso falar de um assunto que entendo e muito: A importância da figura do professor nos dias de hoje.
            Todos nós sabemos que ensinar em sala de aula está difícil e que as situações e constrangimentos pelo qual o professor passa, está cada vez pior. É de apavorar qualquer professor iniciante ou sem algum preparo.
            Ser professor, em tempos atuais, requer habilidades em sociologia, psicologia, além do conhecimento técnico de sua disciplina e, muitas vezes, ser pai, mãe, amigo... E por aí vai, uma gama de necessidades que precisa entender e aprender. Além deste conhecimento todo, o professor precisa ter habilidade e manejo com as características próprias de cada indivíduo. Isto tudo com salas superlotadas e, às vezes, sem o material básico necessário.
            Como sei tudo isso? Ora, conheço os alunos, sei que muitos pais delegam a educação dos filhos, que deve começar na família, para a escola. Já escutei coisas absurdas neste meu tempo aqui na biblioteca. Por aqui, além de estudantes interessados em aprender, escuto cada coisa que acontece em sala de aula que só com muita vocação o professor consegue ensinar. Olha que eu, grilo pensante, não sei se seria capaz!
            Penso que o professor de hoje, precisa também estar aberto às mudanças que acontecem a todo instante, as novas tecnologias e aprender todo tempo. Professor também é aluno, mas não é “burro de carga”. E com toda esta carga de trabalho, no mínimo, o bom professor deveria ganhar um salário condizente com essa responsabilidade.
            Soube o quanto ganha um professor e, honestamente, fiquei envergonhado. E, ainda mais, quando o professor se aposenta, depois de um longo tempo dedicado ao serviço público, precisa continuar trabalhando para conseguir viver dignamente.
            Enquanto, esse nosso País não entender que Educação é tudo e que sem educação não existe nenhuma outra profissão, porque ela é o início, meio e fim de toda carreira, nada muda. É preciso valorizar melhor aquele que é o sustentáculo de uma Nação e aí cobrar qualidade, comprometimento e responsabilidade.
            Sei que existem muitos professores que se desdobram com criatividade e sempre querendo aprender mais e merecem todo o apoio e consideração daqueles que administram os rumos da Educação. Sei também que há por meio de muitos profissionais empenho em melhorar cada dia mais a qualidade de ensino. A todos quero dizer que o Dia do Professor é com orgulho, o seu dia.
            Como dizia um político candidato a presidente: “Educação é a chave do meu governo” e eu, que não sou candidato a nada, concordo com ele e com Paulo Freire. Um País sem Educação não chega a lugar nenhum. Precisamos valorizar mais a classe dos professores.
            Desculpe professor pelo meu aparte. Até a próxima!  Fui.

Contrassenso


Contrassenso
Verso... Reverso
Da moeda,
Da medalha,
Da vida... Dilema.

Paradoxo... Antítese...
Forças contrárias.
Côncavo... Convexo,
Tudo ou Nada,
Certo ou errado.

Os opostos se atraem.
Diferentes são iguais.
Na junção: um mais um,
São dois.
É o amor.

Nasce o poema.
No verso,
No Reverso da vida...
Vale à pena!

Otimismo


OTIMISMO

Quero o caminhar de passos largos, firmes,
Sem o inebriar dos sonhos e o suspirar dos amantes,
Quero as palmas dos eleitos, a vitória dos heróis,
O caminho das conquistas, a busca dos desafios,
Cansei de pensamentos etéreos, do vaguear dos errantes.

A vida não é só sonho; há conquistas e realizações,
É assim irei em frente, sem tropeços, sem fraquejar.
Saber viver é uma arte e já tracei meu amanhã,
Deixo os sonhos para os incautos, para as crianças,
O futuro me impulsiona, direciona-me,
E nele espelharei meus objetivos, minhas esperanças.

E o amanhã será mais risonho
Porque, com certeza, serei VENCEDOR.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Chegou a hora!


Chegou a hora!

             Já lhes disse que eu, o grilo pensante, me considero brasileiríssimo, pois tenho cores verdes com nuances amarelas. Chique não? Como não voto, tenho tempo suficiente para pensar neste ou naquele candidato. E confesso que gostaria de estar aí, ajudando as cidades do meu Brasil a escolher o melhor candidato.
            Nessa semana, como o Brasil é um país democrático, seu povo escolheu prefeitos e vereadores para a sua cidade. É um exercício de cidadania. Certo ou errado é o povo que elege seus representantes e é assim que deve ser.  Demorou muito para que o povo conquistasse esse direito!
            Reconheço a dificuldade dos eleitores em escolher seus candidatos, afinal todos parecem santos e preocupados com o bem do próximo. E como há “seres humanos” mentirosos na política!
            Com os políticos antigos, velhos conhecidos, a Lei da Ficha Limpa favoreceu a escolha. Muitos foram eliminados antes das eleições. Mas, uma análise de quem votar é muito importante. De onde veio? O que já fez até agora? Já fez alguma falcatrua? Está metido em algum escândalo envolvendo velhos conhecidos da política? Se eu, grilo pensante, fosse eleitor, essa seria uma boa opção na escolha de meu voto. Não deve haver condescendência com este ou aquele candidato.
            Fiquei aqui, sentado em minha árvore preferida, tentando decifrar cada um dos candidatos, mas estava difícil. Confesso que fiquei triste por não participar deste grande desafio que os eleitores tinham pela frente. Em nossa comunidade momento como esse não acontece, embora tenhamos nossa própria forma de organização. Mas é bonita a festa da democracia, todos em busca de um mesmo ideal: a melhor escolha para a sua cidade. As pessoas passavam pelas ruas apressadas, mas felizes. Exalava-se democracia nas ruas. Foi um grande ato de cidadania!
            Seja qual a estratégia que as levou a votar nesse ou naquele candidato, o importante é que tenha votado pela sua cidade e em quem tenha condições de representá-la com dignidade.
            Para muitos brasileiros ainda não acabou, praticamente uma nova eleição está começando e a procura pelo candidato certo continua. Então, vamos à procura das melhores agulhas nos palheiros. Que você acerte a melhor opção!
            O voto é secreto, mas o desejo de ser um dos responsáveis pelo bom futuro de sua cidade não tem preço. Parabéns ao povo brasileiro! A democracia venceu novamente.
            Da minha parte vou ficar aqui torcendo. Palavra do grilo!  

Ajuda Divina, Amor



AMOR

Meu coração acelerou.
A respiração ficou difícil.
Tudo, em minha volta, perdeu o foco,
Perdeu a visibilidade,
Perdeu a importância.
Era só você... Era só sua presença!

O mundo estava inerte aos seus pés,
O trânsito parou...
O relógio deixou de soar,
O seu sorriso iluminou meu mundo.

Você veio em minha direção,
Falando coisas sem sentido,
Desconectas,
Nada fazia sentido.
Eu olhava extasiada.
Você me embriagava!

Aos poucos, fui percebendo...
Quem estava em transe era eu.
O mundo girava, apesar de mim.
A vida continuava em minha volta,
Eu que sentia o universo parado
Porque para mim
Só importava a sua presença.



AJUDA DIVINA

Esbarrei-me em meus preconceitos,
Quando me descobri, frágil, insegura e só.
Esbarrei-me em minhas amarras,
Na minha falta de compaixão,
Na minha própria incompreensão,
No meu desamor, nas minhas mágoas
Nas minhas convicções extremas,
Nos meus próprios dilemas,
Quando me senti pequena e incapaz
Na solução de meus problemas.

E na angustia e desespero foi a Ela que pedi ajuda,
Pois é a Mãe que tudo implora e intercede por nós
E, atendendo ao seu pedido, com mão de Pai, Ele me ajudou,
Curou minhas feridas, me embalou
Carregou-me no colo, me curou.
Sem se importar com os meus desatinos,
Sem se importar com erros do passado.
Eu, frágil, me senti abençoado.

O Milagre aconteceu!
Foi tão amado, tão Divino,
Que sei que não mereci, mas tanto pedi,
Que minhas preces foram ouvidas,
Minhas súplicas atendidas.

Hoje, tento ser melhor que ontem,
Mas mesmo que obstáculos eu encontre
Todos os dias, eu agradeço o meu presente,
Enquanto viver, este é meu legado,
Agradecer sempre ao Pai amado.
E a Mãe tão zelosa, amorosa,
Por me atender nas horas de aflição,
E trazer paz ao meu coração.


A gafe


A GAFE

Ela é a rainha “dos foras”, mas é adorável e muito querida por todos que a conhecem. Eles já se acostumaram com o seu jeito “meio destrambelhado” de falar sem pensar muito. Ela própria sabe das gafes que dá e os relata com muito humor. Estas histórias hilárias e interessantes, com certeza, dariam um romance. Esta, que conto agora, foi um dos foras “homéricos” pelo qual passou e me foi contado por ela própria.
A festa de casamento prometia: enquanto todos se divertiam no salão dançando ou simplesmente comendo e conversando, Laura estava preocupada com o seu marido que com alguns amigos tomavam cerveja em algum lugar do salão.  Ela não era contra, mas sem ela por perto o exagero imperava e o final quase nunca a agradava. A ansiedade fazia com que ela não se divertisse com o seu grupo de amigas. Estava magoada e com raiva.
            Quando Janete se aproximou do grupo que Laura estava, todos se voltaram para ela com admiração e respeito. Laura sentiu que alguma coisa não estava bem e embora não tivesse um convívio estreito com Janete, gostava dela e se pudesse ajudá-la o faria. Aproximou-se de Janete:
            - O que aconteceu? Você está tão triste. Não está gostando da festa?
            -Perdi meu marido. – disse Janete com apreensivo.
            Laura sorriu, há muito não via seu próprio marido, portanto a amiga não era a única nesta situação. Sabia como reanimá-la:
            -Não se preocupe – disse querendo confortá-la. – Ele deve estar com o meu marido bebendo cerveja. É só o que sabem fazer.
            Todas olharam para ela sem saber o que dizer. Algumas, furtivamente, riam.
            -Você não entendeu. – disse Janete com ar de quem não gostou do que ouviu. – Meu marido morreu.
            Embora a notícia fosse trágica, o riso das amigas falou mais alto. Só podia ser a Laura. Que fora! Laura também não conteve o riso:
            -Me desculpe, eu não sabia Eu achei...   
            Não adiantava se desculpar. O que foi dito, já tinha feito o estrago. Também não era hora de dar os pêsames. O jeito era sair de fininho.
            Na verdade, o grupo todo se dispersou. Não dava para conter o riso e Janete não merecia aquela recepção.