E agora, Brasil!
Foi
como se ondas do mar invadissem ruas e avenidas. Eram pessoas que vinham de
todos os cantos gritando palavras de ordem e paz. A mesma paz estampada no
peito, a cor branca nas vestes. Mas a palavra de ordem era verde amarela, as
cores da nossa Bandeira. Seus lemas: paz e mudança social. E foi lindo admirar
toda aquela beleza!
Deixou
de ser um movimento contra o aumento das tarifas nos transportes públicos (MPL–
São Paulo) e tornou-se uma Nação em busca de sonhos. Uma Nação que clama por Justiça
Social, principalmente com investimentos nas áreas de Saúde e Educação e em
outras áreas que resultem em melhoria da qualidade de vida dos menos
favorecidos. Mas, não podemos deixar de dar mérito a esse movimento que deu
origem a toda essa comoção social.
Não
é uma luta partidária, é a luta de um povo contra os que detêm o poder,
independente da cor de suas bandeiras. A responsabilidade não é mais do
movimento, é de todos os brasileiros que ali estão.
Muitos
são estudantes de classe média, muitos não lutam por melhorias em sua vida, mas
lutam por aqueles que não sabem e não podem falar e se silenciam diante da
própria história, sofrendo em macas improvisadas nos corredores de hospitais
públicos porque não têm como pagar um melhor atendimento; aqueles que sofrem
por doenças acometidas por falta de saneamento básico, por falta de prevenção
às doenças e outras mazelas, resignando-se com a sorte. Brasileiros com poucas
chances de projeção social devido aos parcos investimentos em Educação e por uma
política pública deficitária. Professores e médicos maus remunerados nos
serviços públicos tratados sem o respeito devido à importância do cargo que
ocupam e tendo como conseqüência uma desestruturação e abandono de carreira, o
que contribui para a piora nos níveis de qualidade do serviço público.
Os
impostos são cobrados em tudo: nas roupas, na alimentação, nos serviços, um
enorme número de siglas pagas diariamente em impostos, mas que não são revertidos
ao bem comum ficando pelo caminho, surrupiados por mãos inescrupulosas para
pagamento de propinas e enriquecimento ilícito. Descaso com o dinheiro público
e com a fé do povo que já se acostumou com migalhas.
E
aí os jovens, sempre eles, saíram à rua para lutar por melhores condições de
vida, juntaram-se a eles os que ainda acreditam em manifestações pacíficas pela
causa. Jovens de hoje, de ontem, de sempre. Alguns mais privilegiados exigem o
que foi tirado dos que nada têm. Isto é Civismo. Isto é Democracia.
Pessoalmente,
acredito na cultura da Paz, na força dos diálogos em busca de soluções, acho
muito difícil no meio de milhares de pessoas não haver indivíduos procurando o
tumulto, a agressão desmedida, desestruturando todas as medidas para evitar um
conflito, elaboradas pelo movimento. E foi isso que presenciamos nestes dias:
De um lado a polícia, brasileiros como nós, treinados para nos proteger e
estabelecer a ordem, acatando determinações superiores e tentando zelar pelo bem
público, mas, como em todo movimento reivindicatório, alguns exageram em suas ações.
Do lado dos manifestantes, alguns baderneiros de plantão depredam, picham e
saqueiam e a policia, muitas vezes, é obrigada a intervir. Esses vândalos são um
desrespeito aos milhares que ali estão pedindo paz. De onde vêm e quem são? Ainda
é cedo para termos todas as respostas.
Nessa
disputa de força, trava-se uma verdadeira “guerra civil”e os dois lados perdem:
o governo e o povo.
Mas
não podemos ficar indiferentes ao que vimos nestes dias de manifestações. Ninguém
esperava essa força da mobilização. Os Estados se uniram em um abraço fraterno
e as mãos entrelaçadas abraçaram o Brasil de Norte a Sul. Era a Democracia
pedindo passagem.
Que
a força do movimento consiga transformações significativas para a vida de
milhares de pessoas, mas tenho certeza que essas manifestações jamais serão
esquecidas. Foi o dia em que
David mostrou a Golias sua força.
O
que esperamos é que o Governo perceba que a força do povo não é só medida pelas
Urnas em época de Eleições, ela também estará presente sempre que os interesses
individuais ou de uma pequena parcela não representarem a voz do Povo
Brasileiro.
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