TÔ GRILADO
Está
bem, sou um grilo intrometido. Mas, como me deram uso da escrita, eu vou
escrever sobre um assunto que há muito tempo é veiculado na mídia e na classe
estudantil deste País: a desigualdade social. Se todos têm direito a optar
porque eu não?
O
ser humano gosta de criar polêmicas e eu, de falar sobre elas. Os nossos
deputados e senadores se arrastam em meses e meses discutindo o assunto,
criando leis para diminuir a desigualdade social e o problema persiste. Por
quê? Porque o que precisa são leis para
dar condições ao pobre (independente de etnia, religião ou opção sexual) de
galgar patamares mais altos.
Estou
aqui na minha biblioteca, lugar que escolhi para morar porque a chave de todo o
conhecimento está aqui: nos livros. Muitos livros daqui vêm através de doações
de pessoal de maior poder aquisitivo que compraram seus livros e depois de
lidos resolveram doá-los a biblioteca, mas a maioria vem de verbas do Governo.
Há
muitas pessoas interessadas no conhecimento e através dele ter uma ascensão
social, uma melhoria de emprego, um concurso público, pesquisa para trabalhos
escolares e também um grande estão ali por lazer, para ler um determinado livro
ou levá-lo para casa. Aqui encontro todo tipo de classe social: estudantes, universitários
de todas as etnias, crenças, tribos, etc.
Eu sei que muitos preferem os
meios de comunicação mais atuais como o computador com as redes de internet e
todo o conhecimento imediato e de comunicação que o computador nos proporciona.
A globalização precisa deste imediatismo, das respostas rápidas aos anseios das
pessoas. Mas, para chegar a esse patamar, elas precisam do livro e de professores.
Tudo
bem. Tudo perfeito. Eu, um simples grilo, não posso ficar questionando essa ou
aquela forma de aquisição de conhecimento. Eu pertenço àquela classe que gosta
das redes sociais, gosto de estar “navegando” na internet, mas confesso que
para mim, nada substitui o livro. Gosto de romance, de desvendar os crimes, de
saborear um bom enredo. Mas, não é esse
meu questionamento.
Foi
analisando esse vai e vem, esse “entra e sai” que pude perceber que para o
Brasil se tornar mais igualitário, mais acessível às classes menos
privilegiadas, os pobres têm que disputar de igual para igual no concorrente
mercado de trabalho. Pobreza nada tem a ver com competência,
desde que haja mecanismos para garantir o conhecimento. Políticas públicas que
privilegiem o aluno pobre no acesso às Universidades, mas com competência e
responsabilidade, almejando uma disputa igualitária com os mais ricos.
Isso
me faz lembrar o candidato a Presidente Cristovam Buarque, hoje Senador, que
dizia: “tudo tem que prioritariamente e necessariamente que passar pela
Educação”. “O Brasil tem que sofrer uma verdadeira
Revolução na Educação”.
Eu
concordo com ele. Só assim, com qualidade e acesso ao ensino, o aluno pobre
pode ter livre arbítrio na tomada de decisão quanto ao seu futuro.
Condeno
todo tipo de discriminação, mas penso que a mais silenciosa é a gerada pela
condição social. E só andar pela cidade que você vai presenciar um número
enorme de excluídos. São os excluídos da informatização, dos livros, da vida... Parecem seres de outros planetas que passam
despercebidos do olhar mais intelectual dos demais. Muitos são trabalhadores,
ganham mal, comem mal, moram mal. Não tem condições de procurar um melhor
emprego por falta de escolaridade, de oportunidade. Contentam-se com migalhas de conhecimento. O
investimento maior tem que ser a eles.
Eu,
o grilo que pensa, estou me metendo onde não sou chamado... Mas, fazer o quê?
Já falei... Fui.
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