quinta-feira, 6 de junho de 2013

Meu Filho, você merece tudo!

Meu filho, você merece tudo!

            Li e reli o artigo no qual a autora, Eliane Brum, fala sobre a geração de hoje na classe média e da responsabilidade dos pais diante das dificuldades dos filhos no enfrentamento das dificuldades quando estas se apresentam.
            Em primeiro lugar, não gostei do título “Meu filho, você não merece nada”, mas em algumas afirmações concordo com ela, em outras não. Em todo caso é importante para a reflexão sobre o caminho que queremos desempenhar na vida de nossos filhos.
            Penso que ser pai, realmente, é querer a felicidade para os filhos. Ele vai estar sempre em primeiro lugar, mas é claro que o filho deve ser educado sabendo das dificuldades que poderá encontrar, mas cada um vai reagir de forma diferente diante delas. Isso tem muito a ver com a personalidade de cada um, com o meio em que estiver convivendo e com as condições financeiras ou afetivas que estiver envolvido. Uma árvore tem que ser regada desde pequena, embora muitos galhos não cresçam em uma única direção e muitos terão de ser cortados ao longo da vida. É o eterno conflito entre opções e conseqüências.
            Não existe uma receita, uma bula que nos indique como educar o filho, mas existe sim o exemplo que será sempre melhor que qualquer cartilha ou artigo. Generalizar, rotular é muito preocupante e chega a ser preconceituoso em relação à dedicação dos pais em dar o melhor aos filhos. Não sou “expert” no assunto, mas já estudei e li o bastante para exteriorizar minha opinião. Posso não ter sido a mãe ideal, pois aprendemos com nossos erros, mas sei que exemplo e uma educação visando à ética e responsabilidade é um bom começo. Se o filho for educado com exemplos de esforços, ele saberá que a vida não é fácil. Ele compreenderá que a vida não é um conto de fadas, mas que pode contar com os pais em qualquer situação. A procura da felicidade deve nortear sua vida e num lar feliz, isso será bem mais fácil. Fujo sempre das generalizações.
            Às vezes, os pais pecam pelo excesso de zelo, querem que os filhos tenham a melhor educação formal, se sacrificam para isto, mas dar a melhor educação formal e prepará-los para o mundo competitivo não é pecado, desde que isso não lhe custe a sua própria sobrevivência. A educação formal “melhor” nem sempre é a mais cara, depende mais do aluno do que da escola ou do professor. O esforço e o interesse do aluno, muitas vezes, dependem de como os pais vêm essa relação “educação X escola” dentro de casa. Políticas públicas em Educação visando à qualidade facilitarão esse entrave e oportunizarão a ascensão profissional.
            Os filhos da classe média, em sua maioria, sabem que a vida não é fácil, viram os pais se esforçando para lhes dar uma vida melhor do que tiveram, sabem reconhecer esse esforço, muito mais do que os filhos que nunca tiveram nada ou os que nunca lhes foi negado nada. No primeiro caso, porque já nascem com muitas frustrações, matam “um leão a cada dia”, têm que pensar no presente, muitas vezes sem vislumbrar o futuro e, no segundo caso, porque não tiveram como modelo o trabalho, sempre lhes foi dado tudo de “mão beijada” porque os pais desfrutam dessa vida. Muitos pais também têm uma vida onde o dinheiro é o que compra tudo. Nesses casos, penso ser mais difícil lidar com as dificuldades, se as regalias lhes forem tiradas. Mesmo assim, há casos e casos... Como dizia Santo Agostinho “a virtude está no meio termo”.
            A autora afirma que os filhos desta geração “foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram e quando isto não acontece- sentem-se traídos, revoltam-se com “a injustiça” e boa parte se emburra e desiste”.  No meu entender, como a autora está falando da relação no mercado de trabalho, acho positivo que eles aspirem e pensem que merecem o melhor, revoltem-se com as injustiças, mas isso só os fará crescer, progredir. É lógico que se o que aspirarem não for adequado com o seu preparo profissional, eles se sentirão frustrados, poderão até desistir, mas se tiverem dos pais apoio e confiança para aquele momento, buscarão novos rumos. Essa reciprocidade de confiança, às vezes, vêm de pessoas ligadas a eles, nem sempre dos pais.
            Concordo com a autora da necessidade de ética e honestidade- e não a cotoveladas ou aos gritos- na condução dos conflitos e que viver é para os insistentes e que para conseguir um espaço no mundo é preciso “ralar muito”, mas, em minha opinião “felicidade é um direito”, os pais devem sim tentar, se possível, dar-lhes o melhor e protegê-los quando for preciso, mas esperando sim “responsabilidade e reciprocidade”. Isto se aprende com exemplos de responsabilidade e reciprocidade dentro de casa.
            Se por algum motivo financeiro os pais frustrarem os filhos, isso não deve ser sinônimo de fracasso pessoal, mas de busca de novas soluções. Muitos filhos superam os pais na condução de sua vida profissional e aí os papéis se invertem. São eles que seguram o barco e o transportam para águas mais calmas. Genialidade e esforço muitas vezes caminham juntos e não são exclusivas das classes A, B ou C.
            O importante é que a felicidade não esteja centrada somente nos bens materiais, mas que o esforço seja um quesito para que cheguem lá. Com os avanços tecnológicos que o mundo dispõe essa geração da classe média, objeto do artigo, sabe que é complicado viver e que precisa cada vez mais do incentivo e apoio dos pais ou das pessoas que lhes são caras. Sofrerá frustrações, pensará em desistir muitas vezes, mas nessa briga sempre os pais serão seus melhores aliados. Se isso acontecer, não perderá tempo se sentindo injustiçada porque a batalha está a sua frente.
            Mostrar o mundo do jeito que ele se apresenta hoje, é importante. Os pais não devem fingir que está tudo bem, mas também é sua função encorajar os filhos a seguir em frente. Na vida erramos, acertamos, nos frustramos, ganhamos ou perdemos, mas é isso que nos impele na busca pela felicidade; é isso que nos mantém vivos. Ter a consciência tranqüila que fizemos o melhor é o bastante.
            “Filho, você merece tudo”, mas esse “tudo” está inteiramente ligado ao que posso lhe proporcionar sem me anular como pessoa. Serei feliz se você conseguir muito mais que eu, porque eu o coloquei no mundo, eu o desejei. A mim foi dada a incumbência de “tentar” fazer o melhor. Se não consegui, não me sinto frustrada porque a responsabilidade pelos seus atos também é sua.

            Como dizia o Pequeno Príncipe: “Tu és responsável por tudo que cativas”. Sou responsável por você porque o cativei, mas você também é responsável por suas escolhas. O importante é que estamos juntos nessa batalha. Viver é uma luta, é preciso, realmente, muita coragem sem nenhuma garantia, mas a procura da felicidade ainda é o melhor caminho. Essa felicidade é um direito seu e a busca é que torna a vida interessante.  Seja feliz sempre!                                              (Leone A.Vieira)

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