segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A gafe


A GAFE

Ela é a rainha “dos foras”, mas é adorável e muito querida por todos que a conhecem. Eles já se acostumaram com o seu jeito “meio destrambelhado” de falar sem pensar muito. Ela própria sabe das gafes que dá e os relata com muito humor. Estas histórias hilárias e interessantes, com certeza, dariam um romance. Esta, que conto agora, foi um dos foras “homéricos” pelo qual passou e me foi contado por ela própria.
A festa de casamento prometia: enquanto todos se divertiam no salão dançando ou simplesmente comendo e conversando, Laura estava preocupada com o seu marido que com alguns amigos tomavam cerveja em algum lugar do salão.  Ela não era contra, mas sem ela por perto o exagero imperava e o final quase nunca a agradava. A ansiedade fazia com que ela não se divertisse com o seu grupo de amigas. Estava magoada e com raiva.
            Quando Janete se aproximou do grupo que Laura estava, todos se voltaram para ela com admiração e respeito. Laura sentiu que alguma coisa não estava bem e embora não tivesse um convívio estreito com Janete, gostava dela e se pudesse ajudá-la o faria. Aproximou-se de Janete:
            - O que aconteceu? Você está tão triste. Não está gostando da festa?
            -Perdi meu marido. – disse Janete com apreensivo.
            Laura sorriu, há muito não via seu próprio marido, portanto a amiga não era a única nesta situação. Sabia como reanimá-la:
            -Não se preocupe – disse querendo confortá-la. – Ele deve estar com o meu marido bebendo cerveja. É só o que sabem fazer.
            Todas olharam para ela sem saber o que dizer. Algumas, furtivamente, riam.
            -Você não entendeu. – disse Janete com ar de quem não gostou do que ouviu. – Meu marido morreu.
            Embora a notícia fosse trágica, o riso das amigas falou mais alto. Só podia ser a Laura. Que fora! Laura também não conteve o riso:
            -Me desculpe, eu não sabia Eu achei...   
            Não adiantava se desculpar. O que foi dito, já tinha feito o estrago. Também não era hora de dar os pêsames. O jeito era sair de fininho.
            Na verdade, o grupo todo se dispersou. Não dava para conter o riso e Janete não merecia aquela recepção.                        

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