domingo, 25 de novembro de 2012

Ah! Esqueci...


Ah! Esqueci...

            Nesta minha curta vida de grilo, cheguei à conclusão que quanto mais analiso as pessoas, mais me convenço que o bom mesmo é procurar o melhor de tudo, achar graça das pequenas coisas, isto faz a vida valer à pena. Por isso procuro sempre o lado bom de tudo, aquele que faz a diferença como, por exemplo, levar “numa boa” a passagem do tempo.
            Penso que para os humanos a data base para uma vida saudável seja cinquenta anos e a partir daí tudo vai ficando “menos”: menos memória, menos paciência, menos cálcio, menos elasticidade e assim vai. É claro que cada “menos” é sempre seguido de um “mais”: mais esquecimento, mais intransigência, mais descalcificação, mais rigidez, etc. Isto tudo é uma brincadeira, pois sempre há um remedinho para curar todos os males, se você lembrar-se de tomá-lo.
            Ah! Esqueci... A memória dos humanos é um capitulo a parte que merece a minha atenção
            Já vi pessoas esquecerem filho na escola, carro na rua ou no estacionamento e só lembrar o fato já na porta de casa e sei até de uma pessoa que chegou ao cúmulo de esquecer a mãe na porta de consultório médico. Pasmem, é isso mesmo: A filha foi pegar o carro em outra rua e esqueceu-se de voltar ao consultório pegar a mãe. Ainda bem que a senhora ficou pacientemente esperando a filha voltar. 
            Isso não é falta de amor, de consideração ou qualquer outra coisa. Simplesmente é o estresse da vida moderna. A pessoa faz muita coisa ao mesmo tempo, principalmente mulheres, e perdem o foco do que estão fazendo no momento. Um dia muda-se a rotina e os esquecimentos aparecem.
            Em maior número, mas penso que em menor gravidade, estão os esquecimentos de chave, de carteira, de bolsa, etc. Isso quando a chave não é perdida na própria bolsa das mulheres, o que se torna humanamente impossível de ser encontrada. Ou ainda, quando alguém procura determinado objeto e os seus olhos , “menos atentos”, não vêem o “dito cujo” exatamente no lugar onde foi deixado. Há também os esquecimentos de datas de aniversários, de consultas médicas, etc., mas nisso os homens são os campeões, principalmente, as datas dos aniversários de casamento.   
            Não quero fazer disto uma guerra dos sexos, mas a história que presenciei está muito dentro deste contexto de mais idade X menos memória:
            A violência no litoral, nas épocas de temporadas, está cada vez mais difícil. Sair na rua portando corrente de ouro, relógio ou bijuterias que se assemelhem a ouro ou prata está perigoso. Quem freqüenta o litoral sabe disso.
            Estou sempre no litoral. Adoro as praias, o sol e o mar. Em uma de minhas andanças pela Associação de Amigos presenciei a conversa de duas amigas que chamarei de Vanessa e Isadora.
            Vanessa tem uma casa maravilhosa na praia e frequentemente reúne os amigos para um churrasco, cerveja e samba. Naquele dia todos estavam reunidos na Associação, mas a convite da amiga Vanessa, Isadora foi até sua casa. Deixou sua bolsa com o marido para não ficar carregando o tempo todo, não se esquecendo de levar o celular. Ela não era nada sem o celular: precisava dele para conversar com as filhas, acessar a internet, postar no face, etc.   O celular era seu bem mais precioso. Podiam roubar tudo, mas o celular não... Ela estava se sentindo desconfortável com o celular nas mãos sem sua bolsa. A amiga percebendo sua aflição deu-lhe uma sugestão:
            -Isadora, porque você não coloca o celular na parte de cima do biquíni, no sutiã. Ninguém vai roubar. O meu fica sempre guardado junto ao peito, quero ver quem tira.  
            -Será? Eu não estou acostumada. Mas, não deixa de ser uma boa idéia.
            Sugestão aceita, o celular encontrou um lugar para ficar. Ficaram conversando, tomando cerveja e depois de algum tempo resolveram voltar para a Associação e almoçarem com os maridos; estes já deviam estar impacientes.
            Assim que chegaram, o celular tocou e Isadora, imediatamente, correu até sua bolsa e pôs-se a procurá-lo. Nada... Abriu a bolsa e jogou tudo o que havia dentro na mesa do restaurante sob o olhar atônito do marido. Nada... Começou a desesperar.
            O celular tocou novamente. A música do ambiente estava alta e ninguém sabia direito de onde vinha o chamado e todo mundo começou a procurar o celular de Isadora. Esta já culpava o marido:
            -Você fica bebendo e não toma conta direito da minha bolsa. Alguém tirou daqui. 
            Isadora se sentiu a menor das criaturas. Havia perdido o celular, justo ele que era tão imprescindível. Como passar um fim de semana todinho sem ele.
            Vanessa estava dentro da Associação e não presenciara o ocorrido e quando chegou encontrou a amiga desesperada:
            -Meu celular sumiu. A culpa é do Mauro que não tomou conta de minha bolsa.
            A amiga começou a rir:
            -Isadora, você é louca. Você guardou o celular no biquíni.
            - É mesmo... Ah! Esqueci.
            Isadora nem teve coragem de olhar para o marido, este já tão acostumado com o destempero da esposa achou melhor não reclamar.
            Eu, grilo pensante, sei que isto é um fato corriqueiro e que acontece a toda hora. As mulheres estão sempre pedindo a São Longuinho para localizar alguma coisa perdida e por isso quando as vir dando três pulinhos, não se preocupem é para pagar a promessa ao Santo das coisas esquecidas. Na Igreja de São Longuinho, a única que tem a imagem deste Santo e que fica em Guararema, há sempre fiéis pedindo sua proteção.
            Fica aqui o meu recado. Se for para o litoral não é aconselhável andar com jóias na praia. Celular também é perigoso, o melhor é não deixar muito a mostra. Agora, se escondê-lo no biquíni, na meia ou na cueca, por favor, não vá esquecê-lo lá, principalmente se estiver no “vibra call”! Fui!

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