Ah! Esqueci...
Nesta
minha curta vida de grilo, cheguei à conclusão que quanto mais analiso as
pessoas, mais me convenço que o bom mesmo é procurar o melhor de tudo, achar
graça das pequenas coisas, isto faz a vida valer à pena. Por isso procuro
sempre o lado bom de tudo, aquele que faz a diferença como, por exemplo, levar
“numa boa” a passagem do tempo.
Penso
que para os humanos a data base para uma vida saudável seja cinquenta anos e a
partir daí tudo vai ficando “menos”: menos memória, menos paciência, menos
cálcio, menos elasticidade e assim vai. É claro que cada “menos” é sempre
seguido de um “mais”: mais esquecimento, mais intransigência, mais
descalcificação, mais rigidez, etc. Isto tudo é uma brincadeira, pois sempre há
um remedinho para curar todos os males, se você lembrar-se de tomá-lo.
Ah!
Esqueci... A memória dos humanos é um capitulo a parte que merece a minha
atenção
Já
vi pessoas esquecerem filho na escola, carro na rua ou no estacionamento e só
lembrar o fato já na porta de casa e sei até de uma pessoa que chegou ao cúmulo
de esquecer a mãe na porta de consultório médico. Pasmem, é isso mesmo: A filha
foi pegar o carro em outra rua e esqueceu-se de voltar ao consultório pegar a
mãe. Ainda bem que a senhora ficou pacientemente esperando a filha voltar.
Isso
não é falta de amor, de consideração ou qualquer outra coisa. Simplesmente é o
estresse da vida moderna. A pessoa faz muita coisa ao mesmo tempo,
principalmente mulheres, e perdem o foco do que estão fazendo no momento. Um
dia muda-se a rotina e os esquecimentos aparecem.
Em
maior número, mas penso que em menor gravidade, estão os esquecimentos de
chave, de carteira, de bolsa, etc. Isso quando a chave não é perdida na própria
bolsa das mulheres, o que se torna humanamente impossível de ser encontrada. Ou
ainda, quando alguém procura determinado objeto e os seus olhos , “menos
atentos”, não vêem o “dito cujo” exatamente no lugar onde foi deixado. Há
também os esquecimentos de datas de aniversários, de consultas médicas, etc.,
mas nisso os homens são os campeões, principalmente, as datas dos aniversários
de casamento.
Não
quero fazer disto uma guerra dos sexos, mas a história que presenciei está
muito dentro deste contexto de mais idade X menos memória:
A
violência no litoral, nas épocas de temporadas, está cada vez mais difícil.
Sair na rua portando corrente de ouro, relógio ou bijuterias que se assemelhem
a ouro ou prata está perigoso. Quem freqüenta o litoral sabe disso.
Estou
sempre no litoral. Adoro as praias, o sol e o mar. Em uma de minhas andanças
pela Associação de Amigos presenciei a conversa de duas amigas que chamarei de
Vanessa e Isadora.
Vanessa
tem uma casa maravilhosa na praia e frequentemente reúne os amigos para um
churrasco, cerveja e samba. Naquele dia todos estavam reunidos na Associação,
mas a convite da amiga Vanessa, Isadora foi até sua casa. Deixou sua bolsa com
o marido para não ficar carregando o tempo todo, não se esquecendo de levar o
celular. Ela não era nada sem o celular: precisava dele para conversar com as
filhas, acessar a internet, postar no face, etc. O celular era seu bem mais precioso. Podiam
roubar tudo, mas o celular não... Ela estava se sentindo desconfortável com o
celular nas mãos sem sua bolsa. A amiga percebendo sua aflição deu-lhe uma
sugestão:
-Isadora,
porque você não coloca o celular na parte de cima do biquíni, no sutiã. Ninguém
vai roubar. O meu fica sempre guardado junto ao peito, quero ver quem tira.
-Será?
Eu não estou acostumada. Mas, não deixa de ser uma boa idéia.
Sugestão
aceita, o celular encontrou um lugar para ficar. Ficaram conversando, tomando
cerveja e depois de algum tempo resolveram voltar para a Associação e almoçarem
com os maridos; estes já deviam estar impacientes.
Assim
que chegaram, o celular tocou e Isadora, imediatamente, correu até sua bolsa e
pôs-se a procurá-lo. Nada... Abriu a bolsa e jogou tudo o que havia dentro na
mesa do restaurante sob o olhar atônito do marido. Nada... Começou a
desesperar.
O
celular tocou novamente. A música do ambiente estava alta e ninguém sabia
direito de onde vinha o chamado e todo mundo começou a procurar o celular de
Isadora. Esta já culpava o marido:
-Você
fica bebendo e não toma conta direito da minha bolsa. Alguém tirou daqui.
Isadora
se sentiu a menor das criaturas. Havia perdido o celular, justo ele que era tão
imprescindível. Como passar um fim de semana todinho sem ele.
Vanessa
estava dentro da Associação e não presenciara o ocorrido e quando chegou encontrou
a amiga desesperada:
-Meu
celular sumiu. A culpa é do Mauro que não tomou conta de minha bolsa.
A
amiga começou a rir:
-Isadora,
você é louca. Você guardou o celular no biquíni.
-
É mesmo... Ah! Esqueci.
Isadora
nem teve coragem de olhar para o marido, este já tão acostumado com o
destempero da esposa achou melhor não reclamar.
Eu,
grilo pensante, sei que isto é um fato corriqueiro e que acontece a toda hora.
As mulheres estão sempre pedindo a São Longuinho para localizar alguma coisa
perdida e por isso quando as vir dando três pulinhos, não se preocupem é para
pagar a promessa ao Santo das coisas esquecidas. Na Igreja de São Longuinho, a
única que tem a imagem deste Santo e que fica em Guararema, há sempre fiéis
pedindo sua proteção.
Fica
aqui o meu recado. Se for para o litoral não é aconselhável andar com jóias na
praia. Celular também é perigoso, o melhor é não deixar muito a mostra. Agora,
se escondê-lo no biquíni, na meia ou na cueca, por favor, não vá esquecê-lo lá,
principalmente se estiver no “vibra call”! Fui!
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