AMOR EM QUATRO ESTAÇÕES
Levantei-me com a primavera batendo em minha porta.
Um arco-íris de cores e o perfume da felicidade.
Os dias eram festas, as noites prolongadas.
Era a primavera! A estação mais bela.
E eu, criança adolescente,
Na certeza que tudo era eterno,
Sorvia cada momento devagar, sem liberdade.
Inebriava-me com palavras doces, sem maldade.
Estava me despertando para o amor.
Como o desabrochar de uma flor.
Mas, um dia, a minha primavera se despediu,
Meu amor infantil se esvaiu.
Tudo era dissabor como o fim de um grande amor.
O verão surgiu pungente,
E o meu coração, eterno adolescente,
Procurou no sol, na poesia, o amor de verão
E viveu a ilusão, o imaginário, a fantasia.
O verão trouxe o sol, o rigor da juventude,
A expectativa de amanhã.
Nada mais abalaria minha história,
Tinha chegado minha hora.
Entreguei-me de alma, com pudor.
Era somente o despertar do amor.
Tudo era alegria, quimera,
Era um verão com gosto de primavera.
Mas, um dia, esse amor também partiu,
O amor de verão foi de curta duração.
Por que partiu? Ninguém soube; ninguém viu.
Mas não deixou tristeza no meu coração
Amor primavera, amor verão,
Coisas do coração!
O outono chegou
E, novamente o amor apareceu
Agora com o viço da maturidade
A ventania e a leve brisa saudaram o novo dia,
E um quê de ternura e nostalgia
As noites enluaradas e frescor das madrugadas
Inebriaram o meu coração de alegria.
E o amor apareceu sem a ingenuidade da criança,
sem a urgência adolescente,
Mas com a verdade do amor verdadeiro.
E, naquele momento, tudo ficou mais claro,
Fácil de ver a primavera e o verão,
No outono, acontecer.
Pois o amor, a seiva da vida, estava plantado,
Cultivado no limiar do tempo, no encantamento.
E assim resistiu ao tempo, ao balançar do vento.
Sem dissabores ou ressentimentos.
Tudo foi alegria, quimera,
Como um dia de primavera.
O inverno será bem vindo, o ontem foi lindo,
E, mesmo com o frio e o orvalho da noite, serei feliz
Aquecendo o meu coração terno,
Nesses dias de inverno.
Assim, percebi que os ciclos da vida vêm e vão
Retornando sempre ao ponto de partida: ao coração
Tudo será sempre alegria, quimera
No inverno com gosto de primavera.
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