Onda de
violência
Sei que sou apenas um grilo, um grilo que só sabe pensar e
escrever, mas, por diversas vezes, peguei-me matutando sobre o universo humano
e suas complicações. Que mistérios envolvem o universo humano? Até quando a
genialidade humana é direcionada para avanços tecnológicos e científicos que
facilitarão a vida e convivência com seus semelhantes e quando começa a ser
dominada por valores escusos, insensatos, perdendo sua própria humanidade,
desrespeitando valores e visando apenas interesses próprios? Qual a força que
nos impulsiona na luta incessante pelo progresso desenfreado, muitas vezes
trazendo como conseqüência a violência gratuita, psíquica e social, em prejuízo
a valores reais, sentimentos de fraternidade e cooperação? Haverá, ao longo do tempo, esperança de
sobrevivência do “humano” sobre o irracional? Desvendar o mistério que torna o
homem, dependendo de sua história de vida, racional ou irracional, sempre foi o
objeto de estudo e parece que está longe de um resultado definitivo, principalmente
para um grilo intrometido como eu.
Ao
ler os jornais mais importantes do país e deste mundo globalizado me deparo com
a onda de violência que atinge as principais cidades brasileiras e sinto que a
vida perdeu seu valor. Ao mesmo tempo em que vejo o progresso como bem da
humanidade, também o vejo como vilão que esmaga sentimentos, levando o homem a se
revelar e mostrar-se dono de uma irracionalidade sem limites, trazendo como
conseqüência danos irreparáveis.
Há
pouco tempo as notícias dos jornais falavam sobre os ataques que mudaram a
rotina de São Paulo: os policiais, contratados para nos dar segurança, estavam inseguros
diante das matanças de seus companheiros de farda. Na minha modesta opinião, quando
os poderes constituídos não conseguem o mínimo de respeito ao direito dos
cidadãos “de ir e vir” e sentem-se desacreditados, a conseqüência é devastadora
e a população se sente sem rumo, sem direção e o caos se torna intolerável. É o
que recentemente ocupou as manchetes de jornais. A população estava perplexa, inconformada, diante
de ônibus incendiados e de pessoas inocentes mortas, supostamente por policiais.
Há
urgência em uma resposta que coloque fim a toda rebeldia. Achar o “fio
da meada” que gera o caos se faz necessário e as tentativas de soluções por
parte do Governo Estadual e Federal têm que dar resultado. É preciso quebrar o ciclo
de terror.
Às
vezes, acontecimentos rotineiros como o futebol mudam o foco das notícias
trazendo uma falsa ideia que a violência local foi subjugada. Isto foi o que
aconteceu em São Paulo ,
quando o foco da notícia foi transferido para as conquistas internacionais dos corintianos
e são-paulinos. O mesmo aconteceu quando a “bola da vez” foram os Estados
Unidos com o massacre à escola onde inocentes perderam a vida.
O
fim do ano trouxe outra breve baixa na onda de violência e as mensagens de Paz,
Amor e Compreensão amenizaram os corações, mas penso que é só “um parênteses”
para que o caos, novamente, encontre seu lugar de destaques nas manchetes de
jornais e televisão. Até quando? Até quando o humano se lembrar do sentido da
palavra “irmãos”.
Espero
que o Novo Ano, que está apenas no início, traga esperança em dias melhores.
Quem sabe, um dia, possamos ler nos jornais e assistir pela televisão que a
violência caiu em nível considerável em todo o mundo. Aí sim, vamos merecer o
nome de “irmãos” e ver a Paz, tão sonhada, sendo destaque internacional.
Por
hoje é só. Fui.
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