segunda-feira, 22 de abril de 2013

Esperança: Cor e Cheiro



COR E CHEIRO

Esperança,
Você tem gosto de chuva
Da chuva que rega os campos e traz boa nova.
A sua cor é verde, verde-esperança,
O seu sabor é de conquista,
Daquele que luta e alcança,
Nunca lhe perde de vista.

Você tem cheiro de memória,
Do início de uma história,
Daquele que ontem a luta perdeu,
Mas não se esmoreceu
E, hoje, quer manter ativa e viva
A chama acesa de uma nova vida

Esperança,
Você é um eterno começo,
Por isso tem todo cheiro e toda cor.
No olhar da criança a sua cor é branca,
O seu cheiro é de paz, de amor.
É a mesma cor que vem do coração do ancião
E o mantém são.
Pois não importa seu cheiro e sua cor
Sempre encontro você “Esperança”
Escondida nas lembranças,
Nas histórias de um grande amor!

Viver: Constante mudança


Viver : constante mudança

            Da janela de meu quarto, ouço o som do vento cada vez mais forte até se tornar um uivo angustiante como um pedido de socorro. Confesso que isto me assusta, aqui venta demais, nada de leve brisa.
            Penso nas mudanças com que a vida da gente passa; é como o vento que leva a nossa vida de lá para cá.
            –Esse lugar não é seu. Vamos começar de novo. É preciso viver novas histórias. - parece que o vento me quer dizer.
            Sempre acreditei que mudanças são benfazejas e necessárias. Varrer o que está arraigado em nossa vida e a trazer o novo é muito bom. O recomeçar é sempre instigante, maravilhoso, mas confesso que, ultimamente, as mudanças vieram de uma vez, atordoando o que estava quieto, equilibrado.
            Mas assim é a vida; uma enorme roda gigante. As mudanças vão aparecendo a cada girar acompanhado do vento. Às vezes o giro é suave, outras vezes se torna mais forte e algumas vezes, o giro é tão forte, o vento tão gélido, que se torna insuportável. De repente, muda-se o destino, muda-se a morada, retira-se da vida o que era sagrado e você tem que se desvencilhar de coisas, separar-se de pessoas, sofrer pelo que ficou longe e acostumar-se com as ausências. O importante é que há sentimentos que permanecem intactos dentro do coração e nem o vento é capaz de alcançá-los, são os valores agregados a vida.
             Isto tudo é parte do Jogo da Vida. Viver é estar em mudanças. Às vezes, essas mudanças são doces como o mel, outras ácidas como limão. Fazer do “limão uma limonada” e se precisar colocar muito açúcar para adocicar a vida, é o desafio. A vida é um presente que recebemos de Deus e torná-la melhor, procurando o vento brando e suave, penso ser um projeto de vida.
            Assim encaro as mudanças em minha vida. Umas vieram como uma brisa leve, trazendo felicidade e novas realizações, outras apareceram como um vento forte, me tirando o solo, mas foi aí que me descobri forte, capaz, para me reconstruir. Mas, outras vieram como um vento gelado me deixando triste, sem forças para lutar. Era o inexorável.
           Imaginando a minha mudança de paradeiro, como uma viagem de trem, eu encontrei muitos amigos que compartilharam da minha história, estiveram presentes em cada parada, em cada estação; alguns amigos, eu não mais encontrei, com certeza percorreram outros caminhos, mas guardo sempre no coração a esperança da próxima estação.  “Tem gente que chega pra ficar”.  Amigos novos ou antigos são sempre bem vindos.
            Se precisar mudar novamente, estou pronta para recomeçar a viagem ou girar nessa roda gigante desde que os ventos soprem na direção das boas mudanças. Que venham os novos ventos!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Maturidade


MATURIDADE
(saudando o Outono)

As folhas secas jazem no chão espalhadas pelo vento,
É o outono, a estação da transformação.
Como o tempo, a maturidade é o nosso outono,
É hora da mudança no caminho mal traçado
É hora de consertar o errado.

O outono chega cauteloso.
Com ventania própria das conquistas.
Na maturidade,
As conquistas são mais consistentes, independentes,
Pois sem o viço da juventude,
O amor traz junto o companheirismo da idade.
Nem por isso é menos belo, menos intrigante;
É só um novo caminho a percorrer,
Uma nova etapa a vencer.

É a oportunidade de viver um novo amor,
Sem urgência de encontrar um companheiro,
Ou oportunizar uma nova história com o amor antigo
Porque o que foi vivido é mais querido e verdadeiro.
Se o tempo é curto, temos pouco pra viver,
Com amor, qualidade e liberdade,
A maturidade faz o tempo se estender.


Dá pra acreditar?


Dá pra acreditar?

            Mesmo um grilo pensante como eu, que não tenho voz ativa, só dou os meus “pitacos”, estou ficando “desassossegado” com o que está acontecendo neste meu Brasil.
            Aprendi que democracia é o governo do povo pelo povo e a favor do povo e já há muito tempo tenho me decepcionado com a “democracia” imposta (se é que é possível) em nosso país.
            Se o povo grita contra algo do Governo, seja ele, Estadual, Municipal ou no âmbito Nacional, imediatamente, ouve-se a frase: “Cada povo tem o governo que merece, pois foi o povo que o elegeu”. Então, o povo, “engole em seco” e espera que nas próximas eleições seus amigos, os eleitores, ponham a mão na consciência e votem a favor dele mesmo, pois ele é parte integrante do povo. Votem a favor do Brasil!
            Então, pensa o povo: “o jeito é esperar que quem foi votado , saiba escolher os representantes para os cargos tão importantes no Senado ou na Câmara”. Mas não é o que acontece. Novamente, o povo é enganado. Colocam para Presidente das Duas Casas representativas do povo, pessoas de caráter duvidoso e vexatório.
            Aí, o povo fica bravo! Sai às ruas, divulgam no “face”,  colhem assinaturas, tudo o que condiz a um regime democrático e de abaixo assinado nas mãos protocola sua vontade nas duas Casas que o representa.  O que acontece? Nada.  Mesmo quando expressa a sua vontade como cidadão, através de demonstrações pacíficas como abaixo assinados, contra atos e pessoas que na verdade não o representa, pois não foi o povo que elegeu o “dito cujo” para este ou outro determinado cargo, nada acontece.
            Primeiro, a eleição de Renan Calheiros para Presidente do Senado: o povo se revoltou, não gostou e nada aconteceu. Parece que o “senhor senador” em questão está ali pela vontade do povo, como manda um País Democrático. Agora outra presepada: A escolha do Pastor Feliciano para Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. E nada acontece. Cada dia acontece algo novo que fere os direitos democráticos: como as sessões desta Comissão, na Câmara dos Deputados, às portas fechadas. Até em sessões, reconhecidamente públicas, no Senado e na Câmara, o povo está sendo colocado no devido lugar que eles julgam que o povo merece: para fora!
             Será que escolhemos tão mal que não há pessoas probas para ocupar esses lugares no Senado e na Câmara? Tá ficando difícil!  
             E a vida se transforma em uma novela onde cada dia personagens e tramas desenrolam um capítulo especial. Mas, na verdade, a Política Nacional está mais para “balaio de gato”. E, por favor, me desculpem meus amigos “felinos”. Não quis ofender!
            To ficando por aqui! Fui.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Terra do Sol Nascente


Terra do Sol Nascente

            Voltar à terra natal! Depois de tanto tempo, vencer o medo e recomeçar. Os vestígios da tragédia ainda estão visíveis: algumas casas destruídas; os parques ainda inacabados... Tudo foi modificado, as histórias de vida estão sepultadas em ferragens distorcidas e entulhos já retirados para algum depósito frio e mal cheiroso. Não há mais recordações reais: fotografias, jornais antigos, quadros; as recordações estão somente nos corações dos que sobreviveram à tragédia.
            Hoje, somente recordações do dia do trágico acontecimento: o dia que o tsunami destruiu mais que lembranças: destruiu sonhos e projetos de vida.
             Okabe é um sobrevivente. Estava trabalhando no dia em que o mar revolto mostrou toda sua força e fúria da Natureza. Conseguiu sobreviver com a ajuda de amigos, mas sua família, que estava em casa, não teve a mesma sorte. Perdeu mulher e dois filhos, além dos pais. Todos moravam em uma das províncias mais devastada pelo tsunami: Miyagi, nordeste do País e onde morreram mais de nove mil e quinhentas pessoas.
            Recordou o dia em que um terremoto abalou a província. Foram minutos que pareceram horas. O alarme contra terremotos soou minutos antes de tudo tremer. Passavam das duas horas e quarenta minutos. Foi a última vez que olhou para o relógio antes da tragédia, por isso não sabe bem precisar o tempo. Estava trabalhando em sua loja e saiu assustado pelas ruas, queria chegar logo em casa, precisava encontrar sua família. Mas, o pior ainda estava por vir. O terremoto produziu ondas gigantes que com fúria invadiu casas e destruiu vidas. Ele é um sobrevivente: do terremoto, do tsunami, da vida.
            Agora é preciso colar os cacos, procurar recordações na memória e torná-las reais. A sua casa ou o lugar onde morou ainda conserva os entulhos da tragédia. Nunca mais voltou ali depois que encontraram os corpos de seus familiares. Esse dia ele quer esquecer, ou melhor, já esqueceu. Há vazios em seu cérebro que por mais que tente não consegue recordar. Só lembra que não conseguiu chorar, o tsunami varreu também recordações de sua mente.
            Agora quis voltar. Quer vasculhar o que resta na ilusão de encontrar algo que o torne parte do mundo atual. O passado se foi, mas o futuro está a sua frente, ele tem que caminhar, não pode morrer junto com os destroços do passado. Tem que viver para lutar pelo que se sempre acreditou: A gente nasce para ser feliz.
            Sempre repetiu essas palavras aos filhos, à esposa a si mesmo. Isso ele recorda muito bem, era seu lema. Seu grito de guerra: Felicidade sempre. Agora, as palavras deixaram de ter sentido, ficaram mudas diante da tragédia. Ele se emudeceu. Há muito não fala. Repete as palavras que a necessidade do dia a dia lhe pede, mas transformou-se em um robô. Um ser sem alma, sem vida.
            Senta-se na calçada e chora pela primeira vez e isso lhe faz muito bem. Ouve ao longe uma voz infantil:
            - Ei moço! Está chorando?
            Olha impaciente a pessoa que o indaga:
            -Não. O que você faz aqui?
            -Vim com minha mãe.
            A mãe chega pedindo desculpas pela filha. Ela sorri e é o primeiro sorriso que ele viu depois de muito tempo.
            - Ioshi é muito intrometida.  Me desculpa. Sempre morei aqui, mas estava viajando quando tudo aconteceu. Perdi muitos parentes, mas a vida continua.
            Okabe não acredita no que vê. Aquela mulher está feliz, sorrindo diante dele, talvez rindo de sua tragédia.
            - Esta era minha casa. Perdi toda minha família. – diz meio sem graça.
            - Mas está vivo. Por alguma razão continua vivo. -observa a moça.
            -Para ser penalizado. Não há razão para continuar vivo. – responde.
            - Poderia me acompanhar? Quero lhe mostrar algo. –insiste a mulher.
            Ele não quer, mas a segue. Há tempos que se deixa levar sem resistência.
            A moça entra em um carro e ele a acompanha. Pelo caminho Okabe observa que tudo está sendo reconstruído: ruas, avenidas, casas. Um imenso “canteiro de obras” que só o povo japonês é capaz de reconstruir em tão pouco tempo. Ele se orgulha de ser japonês, mas até agora não sentiu vontade de se reconstruir.
            Vão para Tóquio e o carro pára em frente a uma casa onde se lê: Lar das crianças. Ioshi salta animada:
            -Venha ver tio. Esta é minha casa. Venha ver meus irmãos. Tenho muitos irmãos e muitos pais e mães.
            Ele é rodeado por crianças alegres e felizes. A moça que o levou se chama Mitiko e lhe diz que se trata de um abrigo para crianças que perderam os pais e familiares na tragédia. Crianças que precisam acreditar novamente na vida. Okabe pensa nos filhos, na esposa e se sente em paz. Foram eles, seus filhos, que lhe guiaram os passos.
            - Aqui você encontra motivo para sorrir. Eles nos ajudam e nós os ajudamos. Quer experimentar?
            Aos poucos, contagiado pela barulheira infantil e farta distribuição de sorrisos, Okabe sorri.
            Terremotos, tsunamis, tragédias ficaram guardados no passado. Infelizmente, tragédia é lugar comum no mundo todo. Todas as Nações contabilizam desgraças anunciadas ou não; elas são destaques no cotidiano das manchetes de jornais do mundo todo. São inevitáveis.  Mas, Ioshi estava ali para mostrar que sempre há um motivo para continuar.  
            Para Okabe era hora de recomeço. Muitos precisavam dele e ele precisava muito de todos.
             
              

Amor verdadeiro


AMOR VERDADEIRO-

Nasceu
Do encontro de um olhar,
Do roubo de um beijo,
Do toque de mãos,
De palavras nos ouvidos,
Da junção de corpos,
Do inebriar de almas.


Nasceu de palavras românticas,
De música suave,
De noites de luar,
De andanças na areia,
De cartas marcadas,
De noites de lua cheia.

De abstrato tornou-se concreto,
De simples virou composto,
De dois vieram mais três,
Da ilusão deu-se a certeza,
Da dor veio a alegria,
Da lágrima... Poesia
E tudo de uma só vez.
A nossa história se fez.


E assim nasceu nosso amor,
Nasceu da alegria,
Vencendo barreiras,
Destruindo obstáculos,
Realizando sonhos,
Num grandioso espetáculo,
Digno de amor verdadeiro.