ACORDA BRASIL!
( Essa poesia foi escrita em
2006. Retirei algumas estrofes que falavam de problemas da época que não
reproduzem a realidade de hoje). Coincidentemente, as palavras “de ordem” usadas
nas manifestações são as mesmas utilizadas por mim.
(Leone A. Vieira)
Acorda Brasil!
Não fique “deitado
eternamente em berço esplêndido”.
Acorda Brasil!
Levanta, atenda seus filhos que clamam sua atenção:
Por justiça, por trabalho, por saúde, habitação.
Enquanto você dorme, “ao
som do mar, da luz do céu profundo”.
Somos entregues a própria sorte:
Nas esquinas, nas favelas, nos hospitais,
Sofrendo humilhação e até morte.
E por aqui as crianças, “o teu futuro”, não têm valor,
Muitas vivem de trabalho escravo, de prostituição,
De desamor,
Acorda Brasil!
É hora de dar um basta na insensatez
Que cerca alguns governantes.
Você é “gigante pela
própria natureza”.
Acorda Brasil!
Brava Gente,
brasileira!
Somos o povo de Tiradentes, dos Inconfidentes,
De Betinho, de Padre Cícero, Irmã Doroty,
Tim Lopes, Chico Mendes,
E de tantos outros brasileiros
Que não saem de nossas mentes.
Brasileiros de sangue, brasileiros de atitude,
Brasileiros de valor, de coração.
De um Brasil de muitos ídolos, de muitos exemplos,
De amor e união.
Somos o Povo Brasileiro, de jovens de caras pintadas,
Das Diretas, da Democracia.
Aquele que sai às ruas pelas lutas sociais,
Pelo pão de cada dia.
Somos também os pés descalços, rotos e maltrapilhos,
Que vivem em suas sombras, escondendo-se nas pontes e
trilhos.
Somos também a “brava
gente, brasileira”,
Do país “da terra que plantando, tudo dá”,
Somos o país de “terra
rica e altaneira”,
“Onde canta o sabiá”
Do ouro de nossa Bandeira.
Deste “querido
símbolo da terra,
da amada terra, do
Brasil”.
Brava gente brasileira!
Que trabalha, que conquista e que acontece.
Que ainda acredita e sonha com um futuro promissor,
Que vai à luta, não esmorece na busca da paz e do amor.
Brava gente!
Anônimos prontos a semear o bem
Dividindo com o outro que nada tem.
Brava gente que procura ajudar o seu irmão,
Que se multiplica e que se doa de coração.
Acorda Brasil!
Será que, realmente, fomos libertados?
Será que, realmente, o “brado
retumbante” ecoou nas suas verdes matas?
Como justificar tanto desmatamento, tanta incoerência e
tanta corrupção.
Com o justificar a falsa fraternidade, a pseudo-união,
Como justificar as promessas de palanques, tanta
discriminação...
Será Brasil que é verdade o que seus versos falam do dia da
Independência?
“Já podeis da Pátria,
filhos, ver contente a mãe gentil,
Já raiou a liberdade
no horizonte do Brasil”.
Será?
ACORDA BRASIL!
Olhe por nós, povo brasileiro.
Olhe cada lugar, cada cidade... No Brasil inteiro.
E você verá que as falcatruas que aparecem nos jornais
São pequenas perto das que se escondem em muitos locais.
Verá que esse povo que traz em suas veias, o sangue mestiço,
O mameluco, o português,
O italiano, o espanhol, o africano, o francês, o japonês...
E tantos outros mais.
É um povo diferente, mas, não ausente.
O povo quer, ele espera, ele busca escrever outra história,
Outro final honroso.
Uma história de respeito, dignidade, fraternidade,
E que todos os versos que saúdam seu passado valoroso
Possam se tornar realidade.
E verás que “filho
teu não foge à luta”
.
ACORDA, BRASIL!